Guandu recebe a partir de hoje projeto Monumentos de Amor ao Rio Doce
Em uma época de diálogos instantâneos via tecnologia digital, corresponder-se afetivamente por meio de cartas parece ser algo ultrapassado e nostálgico. E é justamente esse sentimento de nostalgia ou de uma sensação de saudade intensa por um ente querido que o projeto Monumentos de Amor ao Rio Doce pretende registrar por meio de suas ações.
Para Piatan Lube, diante das limitações e precariedades político-institucionais capitaneados pelos interesses do capital, essa proposta é uma crença no potencial da arte como espaço político e social: “A voz ativista, de denúncia é calada sistematicamente a cada dia, e a arte parece ser o único ponto capaz de fazer aflorar outras posturas políticas.
Ao contrário dos monumentos construídos de forma a permanecer como objetos constantes, o Monumento aqui instituído é um monumento afetivo, relacional e que permanece inerente a memória afetiva e a identidade cultural das populações que possuem uma íntima relação com o Rio Doce.
Ainda em 2018, o projeto também fará intervenções desse tipo na Vila de Regência Augusta, situada na foz do Rio Doce. Essas ações do projeto são um desdobramento de uma primeira edição realizada em 2017 na exposição coletiva “Deslizes Monumentais e Sonhos Intranquilos: A Estética dos Crimes Ambientais no Antropoceno”, na Galeria de Arte e Pesquisa (GAP) da Universidade Federal do Espírito Santo e que contou com parceria do grupo Dissoa – Diálogos entre Sociologia e Arte e do núcleo Organon – Estudos, Pesquisa e Extensão em Mobilizações Sociais.
De 17 a 22 de junho – Baixo Guandu-ES
(Nos dias 17, 18 e 19 de junho, das 10h às 20h, as mandalas serão montadas na Praça do Jardim – Baixo Guandu)
Artisticamente, Piatan potencializa as matérias de origens e suas significâncias funcionais na pós-modernidade: água, terra, flores, alimento, musgos e modos de convívio são a matéria e, ao mesmo tempo, os sentidos de sua poética. Trata-se de um artista que coloca-se em posição de escuta do mundo e deixa aflorar uma ancestralidade que não cabe em si para aderir à linhagem da arte site-specificity e site-oriented. É autor de projetos que se instalam no campo do real, com financiamentos de respeitados editais brasileiros (Funarte, Petrobras, Paço Imperial, IPHAN, Secult-ES), demonstram capacidade de mobilização e consagração comunitária na sua idealização, construção e execução, e ofertam acesso ao imaginário e ao espírito dos lugares, provocando boa reciprocidade com as cidades e seus moradores. Nas proposições desse artista o território físico é suporte e veículo de conscientização e somos convidados redescobrir o planeta, o lugar onde habitamos.