As empresas do Vale do Rio Doce vão poder contar com uma linha de crédito para recuperar os prejuízos em seus negócios causados pelo desastre ambiental de Mariana-MG. Duramente prejudicados pelo rompimento da barragem da Samarco, na maior tragédia ambiental do país, os empresários dos municípios situados ao longo da bacia do Rio Doce terão, agora, quase dois anos após o acidente, uma linha de crédito no valor de R$ 40 milhões para auxiliar a recuperação dos seus negócios.
O fundo, lançado nesta terça-feira (3) em Mariana (MG), é uma parceria entre a Fundação Renova, o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e o Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes). Denominado Desenvolve Rio Doce, a iniciativa vai oferecer aos empresários mineiros e do Espírito Santo das regiões afetadas pelo rompimento da barragem condições especiais de prazo e taxa de juros abaixo do mercado.
“Sem dúvida, é um alento para a nossa atual situação. Mas é lógico que há uma necessidade de ser mais agressivo nesse trabalho, no suporte aos comerciantes locais que estão um tanto prejudicados. É óbvio que esses suportes são interessantes, aquecem um pouco e vão dar uma certa tranquilidade para o comerciante que está estrangulado. Vai aliviar um pouco”, disse à Agência Brasil Rubens de Souza Nunes, gestor administrativo da Associação dos Comerciantes de Mariana.
Para Nunes, no entanto, as taxas de juros poderiam ser ainda mais baixas. “Além disso, é necessário também avançar no cumprimento do TAC [termo de transação de ajustamento de conduta] em relação à compra [de produtos] do comércio local. Que seja mais efetiva a compra do comércio local. Isso é um ciclo: alimenta, compra, contrata. Com isso, o dinheiro circula, uma vez que a Samarco não retomou sua atividade”, acrescentou Nunes.
De acordo com a Fundação Renova, em Minas, o banco de desenvolvimento do estado fará aporte inicial de R$ 30 milhões. A estimativa é que cerca de 800 empresas sejam atendidas, com financiamento médio de R$ 38 mil por empresa. Em dez anos, período de vigência do fundo, o número de operações pode chegar a 3,4 mil, movimentando cerca de R$ 130 milhões em valores nominais. Já no Espírito Santo, o banco de fomento estadual fará um aporte inicial de R$ 10 milhões. A expectativa a é de que 500 empresas nos municípios de Linhares, Colatina, Marilândia e Baixo Guandu sejam beneficiadas com financiamento médio de R$ 20 mil.
Foto: Raquel Lopes
“Nos dois estados, o retorno dos recursos, resultante da quitação das prestações, financiará novos empréstimos”, diz nota divulgada pela Fundação Renova. Ainda segundo a fundação, em Minas, as inscrições podem ser feitas pelo site do BDMG www.bdmg.mg.gov.br ou por meio de correspondente bancário. No Espírito Santo, o fundo será lançado no próximo dia 16 e as inscrições poderão ser feitas com consultores do banco presentes nos quatro municípios atendidos. “Essa é uma iniciativa para reforçar a economia local, com injeção de capital de giro nas empresas. A porta de entrada é o BDMG, que está pronto para colocar o processo em ação de imediato”, disse o presidente da Fundação Renova, Roberto Waack, em comunicado divulgado à imprensa.
O rompimento da barragem de rejeitos de Fundão, pertencente à mineradora Samarco, no dia 5 de novembro de 2015, causou 19 mortes, além de contaminar a Bacia Hidrográfica do Rio Doce, destruir o distrito de Bento Rodrigues e comprometer o abastecimento de água e a produção de alimentos em diversos municípios da região. Os danos ambientais causados pelo desastre ainda estão sendo calculados. Na tragédia foram liberados no ambiente mais de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos.
Redação: A Tribuna do Vale.