Motoristas de aplicativo no ES queixam de redução nos lucros devido a alta dos combustíveis.
Com gasolina acima de R$ 6 e etanol próximo de R$ 5, motoristas por aplicativo buscam alternativas para não ficar no prejuízo.
Motoristas de aplicativo que atuam na Grande Vitória e no Espírito Santo, estão sentindo no bolso os efeitos da nova alta nos combustíveis. Com a gasolina ultrapassando os R$ 6,00 e o etanol se aproximando de R$ 5,00 por litro, muitos profissionais relatam que passam o dia inteiro nas ruas apenas para cobrir os gastos com abastecimento, sem conseguir gerar lucro real ao final da jornada.
A situação tem afetado diretamente a renda de quem depende do carro para trabalhar. Segundo relatos, há motoristas que gastam mais de R$ 150 por dia apenas com combustível. “Hoje em dia, a gente sai cedo, roda o dia todo e, quando faz as contas no final, praticamente só pagou o combustível e a manutenção do carro. Fica difícil sustentar a casa”, conta Anderson Souza, motorista há cinco anos em Vila Velha.
Alternativa cara: migração para o GNV
Diante da pressão nos custos, uma das alternativas encontradas por parte dos motoristas é a instalação do kit de gás natural veicular (GNV), que tem um custo por quilômetro rodado mais baixo. No entanto, o investimento necessário para adaptar o veículo pode ultrapassar os R$ 5 mil, o que torna essa opção inviável para muitos trabalhadores do setor.
“Pensei em colocar GNV, mas hoje em dia está difícil até juntar dinheiro para trocar o pneu. Como que eu vou investir nisso agora?”, questiona Juliana Ribeiro, que atua como motorista de aplicativo em Cariacica.
Além do peso do combustível, os motoristas também enfrentam outras dificuldades, como a falta de valorização da categoria e a ausência de apoio específico para quem exerce a atividade como profissão. Muitos atuam como microempreendedores individuais (MEI), arcam com todas as despesas sozinhos e ainda precisam lidar com os repasses reduzidos das plataformas de transporte.
“Pagamos impostos, cuidamos da manutenção do carro, enfrentamos trânsito, calor e insegurança, mas ninguém olha por nós. Nem as empresas, nem o governo”, desabafa um motorista que preferiu não se identificar.
Foto: Reprodução.

Motoristas de aplicativo reclamam de prejuízo com a alta dos combustíveis.
O que dizem os representantes do setor?
Em nota, o Sindipostos-ES (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Espírito Santo) informou que o preço dos combustíveis é livre desde a produção até a venda ao consumidor, e que os postos representam cerca de 10% do valor final pago pelo cliente.
Já o Sindipetro-ES (Sindicato dos Petroleiros) explicou que, apesar de a Petrobras ter alterado a política de preços para “abrasileirar” os valores, o domínio do mercado por distribuidoras privadas tem impedido que essa redução chegue de forma plena às bombas.
Enquanto isso, os motoristas de aplicativo seguem tentando equilibrar as contas e manter o trabalho em meio ao aumento dos custos e à falta de alternativas acessíveis. Para muitos, o futuro da profissão depende de mudanças mais profundas na forma como o setor é tratado — tanto pelas plataformas, quanto pelas políticas públicas.
Redação: Jornal ATV – A Tribuna do Vale.