Falhas dos Correios atrasam 30% das entregas de encomendas

Entrega de encomenda: as lojas têm feito grandes investimentos para tentar driblar a crise na distribuição. Foto: Kadidja Fernandes

Lojas têm feito grandes investimentos para tentar driblar a crise na distribuição. 

A vantagem de comprar sem sair de casa tem levado cada vez mais consumidores a optarem pelas lojas virtuais. Porém, a entrega dos produtos não está acompanhando o rápido crescimento do setor. Segundo pesquisa do Synapcom, consultoria de gestão de compras pela internet, no Brasil, cerca de 30% dos pedidos de encomendas enviadas pelos Correios registram atraso. O colapso na distribuição fez disparar o volume de reclamações em todo o País, segundo informações da agência O Globo.

Para reduzir os efeitos dos gargalos de logística e infraestrutura de transporte, as lojas on-line têm adotado algumas medidas, como o aumento do prazo de entrega. O tempo para o recebimento do produto informado pela empresa variava de três a cinco dias úteis. Agora, pode passar de 10 dias. Outra solução tem sido a contratação de transportadoras privadas.

Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), Rodrigo Bandeira Santos, as lojas têm feito grandes investimentos para tentar driblar a crise na distribuição.

“No fim do ano passado, houve um volume muito grande de produtos comprados no comércio eletrônico e hoje há um engarrafamento de encomendas. As empresas estão investindo em canais de comunicação mais efetivos e em tecnologia para o consumidor ter informações úteis do passo a passo de sua compra”.

Rodrigo ainda disse que, em casos como o Rio de Janeiro, a falta de segurança tem agravado ainda mais o problema, tornando o produto mais caro para o consumidor por causa do aumento no valor do frete e do seguro.

Segundo o professor universitário e especialista em Direito do Consumidor, Renato Ferron, apesar de o Código de Defesa do Consumidor (CDC) não estabelecer um prazo de entrega para cada produto, as lojas precisam cumprir o período informado ao consumidor no ato da compra.

“Se a loja entregar após esse prazo e o consumidor possuir algum tipo de prejuízo por conta disso, ele pode até ingressar com uma ação no Juizado de Pequenas Causas, pedindo indenização por danos morais. Em caso de frete pago, que reduz o prazo de entrega, ele já tem direito de entrar na Justiça direto. O fato de pagar pela entrega já configura como prejuízo”, explicou Ferron.

            Foto: Thiago Coutinho

José Lino Sepulcri: “Gera uma insegurança”. Foto: Thiago Coutinho

José Lino Sepulcri: “Gera uma insegurança”. 

Empresários relatam prejuízos, além do dano ao consumidor, o atraso na entrega de produtos comprados pela internet também prejudica o comércio, de acordo com o presidente da Federação do Comércio do Estado (Fecomércio-ES), José Lino Sepulcri, que explica:  como a maioria das encomendas é para outros estados, o problema na distribuição arranha a credibilidade da loja junto a consumidores que não têm muito conhecimento sobre a marca.

“Isso é muito ruim. Gera uma insegurança no consumidor que, muitas vezes, não volta a comprar na mesma loja, já que ele não tem a certeza de que sua mercadoria chegará intacta e dentro do prazo estipulado”, lamentou Sepulcri.

Em nota, o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Correios do Estado (Sintect-ES) informou que os trabalhadores também recebem muitas reclamações dos consumidores. “Apesar de ser uma categoria muito querida pela população, as pessoas se queixam principalmente dos atrasos e é perceptível o sucateamento da empresa, que já foi um das mais bem avaliadas do País”, diz um trecho da nota.

Segundo o Sintect-ES, a principal causa é a falta de trabalhadores. O órgão informou que não há concursos públicos desde 2011 e, no último ano, a direção da estatal lançou planos de demissão, o que agrava a situação.

“Junto a isso, continuam contratando mão de obra terceirizada, legitimando a precarização das relações de trabalho”, completou o sindicato.

Fonte: Tribuna online.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por Caio Miranda

 

 

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