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Horário de verão pode estar de volta ao Brasil em 2025, segundo aponta ONS. Confira!

Medida está em avaliação para reforçar sistema elétrico diante do agravamento no déficit de potência; decisão deve sair até agosto.

O Brasil pode voltar a adotar o horário de verão já em 2025. A medida está sendo avaliada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) como forma de aliviar o sistema de geração de energia diante do agravamento no déficit de potência identificado no Plano de Operação Energética (PEN) 2025–2029.

Segundo o diretor de Planejamento do ONS, Alexandre Zucarato, a recomendação oficial ao governo pode ser feita ainda neste ano, já que a decisão precisa ser tomada até agosto para permitir a implementação com pelo menos três meses de antecedência.

“O PEN confirmou o diagnóstico do ano passado e mostrou um agravamento do déficit de potência. Podemos recomendar o horário de verão como medida imprescindível”, afirmou Zucarato em entrevista ao Estadão/Broadcast.

A volta do horário de verão, extinto em 2019, poderia adicionar até 2 gigawatts (GW) de capacidade ao Sistema Interligado Nacional (SIN), aliviando o consumo nos horários de pico noturno. Entre outras medidas estudadas estão a importação de 2,5 GW de energia de países vizinhos e a ampliação do uso de usinas termelétricas.

Déficit estrutural preocupa

De acordo com o diretor, embora o Brasil esteja com energia sobrando no total, o problema está no atendimento à demanda nos horários críticos. A geração cresceu principalmente com fontes renováveis como solar e eólica, que, embora sustentáveis, não atendem à demanda no período noturno, justamente quando o consumo aumenta.

A micro e minigeração solar distribuída, por exemplo, deve saltar de 35 GW para 64 GW até 2029. Já a geração solar centralizada passa de 16,5 GW para 24 GW no mesmo período. “É um crescimento relevante, mas não ajuda a cobrir o pico de consumo noturno”, destacou Zucarato.

O déficit de potência, que já era previsto nos cenários de médio prazo desde 2021, agora se tornou realidade: “Aquilo que era final do horizonte virou o início do horizonte”, alertou o diretor.

Leilões atrasados e alternativas limitadas

A ausência de novos leilões de contratação de energia este ano também preocupa o ONS. As recomendações para leilões anuais vêm sendo feitas desde 2021, mas sem adesão efetiva por parte do governo.

Com pouco tempo hábil para novas contratações antes de 2025, o operador aposta em medidas emergenciais como a resposta da demanda, programa em que grandes consumidores se comprometem a reduzir o consumo em horários críticos, mediante compensação financeira. Os resultados da nova rodada de contratação serão divulgados em 16 de julho. Em 2024, o programa gerou uma economia de apenas 100 megawatts (MW).

Risco climático

Outro fator de preocupação é a possibilidade de atraso nas chuvas, especialmente entre os meses de outubro e novembro. Caso o regime hídrico não se normalize, será necessário realizar com urgência o leilão de reserva de capacidade (LRCAP) em 2026, antecipando a entrada de novos projetos de geração.

“A situação se agravou pela elevação na demanda prevista, e agora não há mais tempo para ações estruturais até 2025. O próximo ano já exige soluções imediatas”, concluiu Zucarato.

Redação: Jornal ATV – A Tribuna do Vale.