Religião x Política: Vereadores em Vitória divergem sobre leitura da Bíblia nas Sessões.
Diz o ditado popular que política e religião não se discutem. Mas, na prática, esse provérbio é derrubado por propostas como a do vereador de Vitória Roberto Martins (PTB), autor de um projeto de resolução que quer alterar o regimento interno da Câmara para dar a outras religiões a oportunidade de se manifestarem nas sessões.
Hoje, apenas é permitida a leitura do versículo bíblico. A proposta abriu um racha entre os vereadores contrários à mudança. O texto diz que, no início da sessão, se faça uma manifestação de cunho religioso, mas sem especificar qual.
Para Roberto, que é evangélico, deveria ser cumprido o preceito constitucional do Estado ser laico, ou seja, não ter uma religião oficial. “A proposta visa à retirada da exclusividade da Bíblia nas sessões”, afirmou o vereador. O projeto, porém, ainda não foi protocolado. É preciso que no mínimo cinco dos 15 parlamentares assinem.
Evangélico, o vereador Davi Esmael (PSB) é contra a proposta do colega. “Vejo que o professor Roberto quer debater ou replicar algo que tem acontecido em todo o Brasil: a criação de um Estado ateu”, cutucou.
Já os vereadores Luiz Paulo Amorim (PV) e Dalto Neves (PTB) formalizaram apoio à proposta de retirada da exclusividade do uso da Bíblia. “Assinei para dar oportunidade a todas religiões”, disse Amorim, que é católico.
Também católico, Denninho Silva (PPS) defendeu a proposta e disse que os cristãos precisam ser tolerantes com outras religiões.
Roberto Martins é autor ainda de uma proposta de resolução, já protocolada, que desobriga as pessoas a ficarem de pé durante a leitura da Bíblia, desde que em uma posição de respeito. “Fiz isso para atender a uma reivindicação de cadeirantes”, justificou.
Na última quarta-feira, Amorim, Denninho e Roberto Martins posaram, na Câmara de Vitória, para fotos com o organizador da comunidade islâmica capixaba Hadi Ahmed Khalifa e com o presidente do Templo Umbandista Estrela dos Hobreiros de Oxalá de Vila Velha, Valdemir Anchesqui.
Reportagem: Vitor Carletti
